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A ferrovia em Portugal está a dar buraco

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A ferrovia em Portugal está a dar buraco. Já não bastavam os atrasos na execução de obras, os encerramentos prolongados ou o aumento do tempo de viagem entre Lisboa e Porto, agora somam-se os abatimentos na plataforma ferroviária em troços intervencionados ou em fase de obra.

O passageiro espera e desespera sem saber o que se está a passar. E não há quem assuma responsabilidades.

Onde anda a auditoria ao Ferrovia 2020?

Não são erros a mais quando já sabemos que comboios na Beira Alta vão ser memórias do passado até pelo menos este Novembro, 10 meses depois da data inicialmente prevista para a reabertura?

De Sines chega-nos a novidade que os operadores não queriam receber: os comboios de mercadorias têm de pagar portagem, mas, pelo menos para já, os camiões passam bem sem ela. É este o país diz ter na ferrovia uma prioridade, mas que não consegue parar de favorecer o transporte rodoviário.

E da parte do sindicato dos maquinistas, uma posição: contestar o arquivamento do acidente de Soure que matou os dois ocupantes de um veículo de conservação de catenária a 31 de Julho de 2020.

Escusamo-nos no latim: mors omnia solvit — “a morte tudo dissolve” —​ até as eventuais culpas de quem as pode ter tido por não ter lido a sinalização de forma correcta. Mas, se os mortos não têm culpas nem estão cá para se defender, os vivos não saem de mãos limpas por continuar a ignorar recomendações que surgem relatório após relatório. As palavras leva-os o vento, palavras cheias de promessas ditas depois de cada incidente, mas as recomendações estão escritas a papel químico em cada relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) e fica por aferir porque não são cumpridas.